cinema sob uma perspectiva contra-hegemônica

Diário de Bordo do Sinistro Fest: primeiro dia

O SINISTRO FEST, o Festival de Cinema Fantástico do Ceará, começou na quinta, dia 10, porém, infelizmente, não pude estar presente na abertura, pois só cheguei a Fortaleza na sexta. A cerimônia de abertura contou com a apresentação da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará tocando com imagens de clássicos do cinema e do Expressionismo alemão sendo exibidas. Fiquei mais pesaroso ainda por não ter visto o evento, após ouvir do Thiago Rocha, um dos organizadores, que ele se emocionou durante a apresentação.

Como já disse acima, cheguei na sexta, dia 11. O festival ocorre no Cineteatro São Luiz, local histórico que completou 65 anos no ano passado e que tem uma estrutura bem bacana. Os filmes são exibidos em duas salas diferentes, a sala Seu Vavá e a sala Luiz Severiano Ribeiro. Na sexta e no sábado, em ambas as salas, a programação começava com exibição das obras às 14 horas, depois às 16:30 e fechava o dia com uma sessão às 19:00. Como só cheguei após as 16 horas, só pude assistir aos filmes das 16:30 e das 19:00.

Os primeiros filmes

O primeiro longa-metragem que assisti foi Indera, que foi exibido na Sala Luiz Severiano Ribeiro – dois curtas foram exibidos antes, mas tive que pegar meu credenciamento e acabei perdendo o início da sessão.

Indera é um filme malaio dirigido por Woo Ming Jin abriu o Malaysia International Film Festival e foi exibido também no Festival de Cannes. A trama acompanha um pai e sua filha que enfrentam dificuldades após a morte da esposa no parto da menina. Eles vão morar numa propriedade de uma misteriosa senhora, onde o pai passa a trabalhar como um faz-tudo. A partir daí, situações e visões estranhas passam a assolar pai e filha. O filme é um terror que funciona bastante abordando as questão do luto, mas também trazendo uma questão histórico-social como pano de fundo. Também merecem destaque as atuações de Shaheizy Sam, como João, o pai, e da menina Samara Kenzo, a filha.

O outro longa-metragem que assisti foi o mexicano Párvulos. O filme de Isaac Ezban se passa num ambiente distópico onde uma pandemia atingiu severamente a humanidade e uma vacina não testada acabou transformando pessoas em zumbis. A trama traz como protagonistas, três jovens irmãos, Salvador, Oliver e Benjamin, morando sozinhos num casebre, onde guardam um segredo. Apesar de ter alguns pontos baixos – como o segredo que em pouco tempo fica óbvio e também a inserção de algumas ideias não muito bem desenvolvidas – o filme me agradou bastante por equilibrar bem o terror com uma boa dose de drama e algumas pitadas de humor. Essas pitadas de humor, inclusive, trazem alguns momentos impagáveis como uma cena de sexo entre dos zumbis, por exemplo.

O Festival e o Lula

Uma curiosidade foi a realização de um comício eleitoral com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na praça em frente ao Cineteatro. O local ficou apinhado de gente dificultando a saída pela frente do São Luiz, o que dava uma sensação de estar preso no local do festival. Que coisa chata estar preso num lugar com duas salas de cinema e você se ver “obrigado” a assistir a filmes.