Vencedor de prêmios em grandes festivais, cineasta faz da rica trajetória de Ney Matogrosso um vetor para explorar o desejo, a descoberta e a liberdade de ser quem se é

Diretor e roteirista premiado, o paulistano Esmir Filho se prepara para lançar um dos filmes mais aguardados de 2025: Homem com H, cinebiografia de Ney Matogrosso que chega aos cinemas em 1º de maio. Tratando-se de um filme sobre um dos grandes ídolos da música brasileira, não é de se surpreender que este seja o projeto mais ambicioso do cineasta até aqui. Ainda assim, Esmir identifica no projeto uma progressão natural da sua filmografia que, desde o curta Alguma Coisa Assim e seu primeiro longa Os Famosos e Duendes da Morte, grande vencedor do Festival do Rio em 2009, explora temas como desejo, sexualidade e afetos.
“Em Os Famosos e os Duendes da Morte, dialoguei com questões de descoberta e pertencimento. Falei sobre as dores e as delícias de uma relação sem nome em Alguma Coisa Assim e a potência da sexualidade e dos artistas em idade mais madura em Verlust. Mesmo na série Boca a Boca procurei explorar o corpo e a fisicalidade”, relembra o diretor. “Mas com Homem com H vejo o diálogo sobre esses temas se expandir. Não só pela figura do Ney, que atrai a curiosidade de tantas pessoas, mas também pela construção da narrativa, que convida todos a refletirem sobre amor e tolerância.”
A ideia do diálogo – com seus pares mas, especialmente, com o espectador – é central na maneira como o diretor e roteirista encara o fazer audiovisual, especialmente neste momento da sua carreira. “Fazer cinema para mim é conversar com o próximo, reunir pessoas numa sala e levantar perguntas, trazer reflexões. Acho que me vejo atualmente com vontade de conversar com mais gente, propondo um acolhimento maior do público para refletir sobre questões importantes no território dos afetos”, explica.
Não é à toa, portanto, que Homem com H seja um marco na sua carreira. A partir da figura de Ney Matogrosso, Esmir Filho transparece o amadurecimento da sua visão sobre a pulsão dos corpos e dos afetos, na mesma medida que demonstra a consolidação da sua marca enquanto autor, em termos de narrativa e ousadia técnica e estética. Afinal de contas, não há linguagem mais adequada para um protagonista como o cantor e ator, conhecido pelo seu espírito livre – ou, melhor, subversivo –, que segue encantando fãs por todo o país.
SOBRE ESMIR FILHO
Viajou com seus filmes para diversos festivais nacionais e internacionais. Seu primeiro longa Os Famosos E Os Duendes Da Morte (2009) – distribuído pela Warner Bros – foi o vencedor do Festival do Rio, além de ter sido selecionado para Locarno e Berlim e conquistado prêmios de melhor filme, direção e crítica em Havana, Valdívia e Guadalajara. O longa estreou em circuito comercial nos cinemas do Brasil, França, Japão e Portugal. É co-autor do hit de internet “Tapa Na Pantera”, com mais de 15 milhões de acessos no Youtube. Seu curta Alguma Coisa Assim (2006) ganhou prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes, enquanto Saliva (2007), também exibido em Cannes, foi escolhido para ser o curta representante do Brasil na corrida para o Oscar. No comando da produtora Saliva Shots desde 2011, foi diretor geral dos programas Viva Voz (2014) e Calada Noite (2015) no canal GNT, que atingiram mais de 12 milhões de telespectadores. Em 2018, lançou o longa Alguma Coisa Assim, co-produção Brasil-Alemanha. Em 2020, lançou a série original Netflix Boca a Boca, criada, escrita e dirigida por ele e que ficou no top 10 da plataforma. No mesmo ano, lançou seu longa Verlust, co-produção Brasil-Uruguai, coproduzido pela Globo Filmes. Em maio deste ano, lança a cinebiografia de Ney Matogrosso Homem com H, que roteirizou e dirigiu, uma distribuição Paris Filmes.
FILMOGRAFIA
Tapa na Pantera (2006), coautor com Mariana Bastos e Rafael Gomes
Alguma Coisa Assim (2006), codiretor com Mariana Bastos
Saliva (2007)
Os Famosos e os Duendes da Morte (2009)
Tudo o que é Sólido Pode Derreter (2009), cocriador com Rafael Gomes
Copa de Botão (2014)
Sete Anos Depois (2014), codiretor com Mariana Bastos
Alguma Coisa Assim (2018), codiretor com Mariana Bastos
Boca a Boca (2020)
Verlust (2020)
Homem com H (2025)