Nossa coluna Sexta-Feira 13 traz Leda Gambús, a simpática pesquisadora e fundadora de um clubinho do terror quando criança, para dividir conosco suas memórias de como se deu sua trajetória pelo universo do horror.
Confesso que nunca sei o que dizer quando me perguntam qual meu filme favorito de horror. Muito menos qual deles pode ter me tornado fã do gênero. Mas, o que eu sei, é que primeiro gostei de ver séries com pessoas contando “seus próprios” casos. Programas como “Clube do Terror” (1990) ou “Goosebumps” (1995) me chamavam muito a atenção quando criança, seja pelo formato de antologia, seja por ver amigos compartilhando as situações inusitadas que passaram. Essa experiência coletiva me fascinava. Gostei tanto, que até criei um clubinho junto com as minhas amigas do colégio para falar sobre experiências sobrenaturais durante o intervalo.
Da mesma forma, a literatura de horror me fisgou antes dos filmes. Autores como Edgar Allan
Poe e Stephen King me deixavam cabreira demais porque, quando me dava conta, eu era
coagida a me tornar cúmplice de seus personagens para saber o desfecho da história. Tanto é
que comecei lendo “O Iluminado” (1980) e por “culpa” do próprio King fiquei instigada a ver o
filme para descobrir mais sobre a história, e acabei tomada pela visão de Kubrick (mas vamos
combinar que falar isso se tornou um pouco clichê e até polêmico depois de tantos anos né).
Em compensação, o primeiro “Jogos Mortais” (2004), “Bruxa de Blair” (1999) e “O Albergue” me
cativaram na adolescência por sua autenticidade e pelo burburinho que sempre causavam na
roda de amigos quando pedia por indicações. Percebi ali que dar susto já não era mais o
suficiente, e comecei a busca por “drogas” mais pesadas. Assim, criei coragem para assistir “O
Exorcista”, que evitava ao máximo pelo medo que tinha por sua fama e suas histórias de
produção. Só sei que depois desse trabalho de Friedkin, nunca mais fui a mesma. Estava
pronta para qualquer filme de horror. Ou pelo menos achava isso, até ver Holocausto Canibal.
Mas esse é um assunto para outro assunto.
Posso dizer que “Alien, o 8º passageiro” (1979) também ajudou a “moldar minha personalidade” como fã do gênero, por assim dizer. Ellen Ripley era uma de minhas protagonistas preferidas porque representava uma final girl que não precisava ser salva, mas que era uma heroína também. Ripley não agia como uma vítima óbvia que poderia tropeçar a qualquer momento fugindo, ela empunhava armas e mostrava que filmes de terror podiam sim ter uma fórmula, e que também poderiam brincar com ela o quanto quisessem (Wes Craven depois veio a me ensinar mais sobre isso também). A partir de então, minha sede por filmes com final girls começou, e obras como “Pânico” (1996) e “Massacre da Serra Elétrica” (1974) logo se tornaram meus favoritos.
Mas se você me pedir para escolher apenas um deles, eu com certeza não saberia responder. Nem poderia. Porque até hoje sigo buscando aquele frio na barriga ao explorar novas obras de horror. Um vício que deixa meu coração quentinho, a cada vez que os créditos sobem a tela.
Leda Gambús é estudante de roteiro, redatora e pesquisadora, integrante do grupo de estudos em cinema desde 2023 da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) ministrado por Paulo Biscaia Filho. Formada em publicidade e propaganda pelo Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba) e especialista em produção e mercado audiovisual pela PUCPR.