Filme de Clarissa Campolina e Sérgio Borges é uma jornada de busca e pertencimento em meio a uma natureza impactada pela mineração.
O filme SUÇUARANA, dirigido por Clarissa Campolina e Sérgio Borges, teve a sua estreia mundial na 60ª edição do Festival Internacional de Cinema de Chicago. O longa, que integra a mostra competitiva do evento, foi exibido nos dias 20 e 21 de outubro. Ainda sem data de lançamento definida no Brasil, o filme será distribuído pela EMBAÚBA FILMES.
SUÇUARANA acompanha a trajetória de Dora (Sinara Teles), uma mulher que percorre as estradas de uma região mineradora em busca de trabalho e de um pedaço de terra que pertenceu à sua mãe. A trama tem início quando Dora, após sofrer um acidente de carro, reencontra um cachorro que ela havia cuidado e depois abandonado.
O reencontro com o animal desperta algo nela e ele se torna uma espécie de guia, conduzindo Dora até uma pequena aldeia que parece existir à margem do mundo. Esse vilarejo, escondido nas montanhas, funciona como uma comunidade autossuficiente, onde seus habitantes trabalham juntos, cultivam sua própria comida e compartilham as tarefas do dia a dia. É nesse ambiente, onde ainda há afeto, que Dora encontra um lar temporário, amigos e trabalho.
O filme não se limita a contar a história de uma mulher em busca de seu lugar no mundo; ele também aborda outros temas importantes, como a exploração ambiental e o impacto da mineração. Ao longo da jornada de Dora, o espectador é convidado a refletir sobre a relação do ser humano com a natureza e os sistemas de vida comunitária que resistem às lógicas capitalistas.
Ao falarem sobre o processo criativo de SUÇUARANA, os diretores explicam que o filme foi livremente inspirado no romance “A Besta na Selva”, de Henry James. “Durante o desenvolvimento, nossa intenção foi preservar o mistério e a sensação de busca que o romance evoca, mas adaptando essa jornada ao nosso contexto social e geográfico”, comentam. A dupla destaca que a obra é dividida em duas partes distintas, que se complementam estéticamente e narrativamente. A primeira metade do filme, gravada em digital com uma estética de road movie, captura a jornada errante de Dora pelas paisagens devastadas pela mineração. Nesse trecho, a câmera permanece inquieta, sempre em busca de algo, refletindo a própria inquietação da protagonista. Já na segunda metade, o tom muda. Ao encontrar a comunidade na montanha, Dora é envolvida em uma atmosfera de acolhimento, e a estética do filme torna-se mais contemplativa, com planos mais longos e imersivos, explorando as dinâmicas do trabalho coletivo e da convivência.
SOBRE OS CINEASTAS
Clarissa Campolina atua como diretora, roteirista, editora, produtora e professora. Seu longa-metragem de estreia, Girimunho (2011), foi premiado no Festival de Veneza, e também exibido no TIFF, San Sebastian, e em mais de 50 festivais. Seus curtas-metragens e outros longas – Enquanto Estamos Aqui (2019) e Canção ao Longe (2022) – também foram exibidos em festivais de cinemas prestigiados ao redor do mundo, como Rotterdam, Locarno, BAFICI, Marrakech, RIDM, Art of the Real. Em 2015, o DAAD – Kunstelerprogramm realizou uma retrospectiva de seu trabalho no Arsenal Cinema (Berlim, Alemanha). Em 2017, foi selecionada para residência artística no programa MacDowell Colony Residency, New Hampshire, EUA.
Sérgio Borges trabalha como diretor, roteirista e produtor. Os seus filmes foram exibidos e premiados em diversos festivais como: Rotterdam, Locarno, San Sebastian, BAFICI, FID Marseille, Leipzig, Indie Lisboa, Havana, Brasília, Rio de Janeiro, Tiradentes, entre outros. O Céu Sobre os Ombros (2010) teve sua estreia internacional na competição Tiger Awards em Rotterdam. Ganhou prêmios no 43o Festival de Brasília – Melhor Filme, Direção, Montagem, Roteiro e Prêmio Especial do Júri (Elenco), e Melhor Filme no 29o IFF Uruguai, entre outros. Lutar, Lutar, Lutar (2021) estreou em Rotterdam e foi o documentário mais assistido dos cinemas brasileiros em 2021.. A Torre (2019) estreou no IFF Rio de Janeiro, foi lançado nos cinemas comerciais brasileiros.
SINOPSE
Dora percorre as estradas de uma região mineradora em busca de trabalho e de um pedaço de terra que pertenceu à sua mãe. Após um acidente de carro, encontra um cachorro que havia cuidado e abandonado, que a guia até uma aldeia que parece estar afastada do mundo, onde ainda existem afeto e coletividade. Os habitantes do vilarejo trabalham juntos, cultivam sua própria comida e compartilham as tarefas diárias. Dora encontra um lar, trabalho e amigos. No entanto, o desejo de movimento de Dora a leva a novos caminhos e ela volta a pegar a estrada mais uma vez – e novamente sozinha.
FICHA TÉCNICA
Brasil, cor, 85′, ficção, 2024
DIREÇÃO: CLARISSA CAMPOLINA, SÉRGIO BORGES
ROTEIRO: CLARISSA CAMPOLINA, RODRIGO OLIVEIRA
PRODUÇÃO: LUANA MELGAÇO
PRODUÇÃO EXECUTIVA: LUANA MELGAÇO, MARIANA DE MELO
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO EXECUTIVA: MARIANA MÓL
ELENCO: SINARA TELES, CARLOS FRANCISCO, TONY STARK, GUARDA DE MOÇAMBIQUE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E SANTA EFIGÊNIA DE OURO PRETO, HÉLIO RICARDO, ANDRÉIA QUARESMA, ELBA ROCHA, RAFAEL BOTERO, DOCY MOREIRA, KELLY CRIFER, AMORA FERREIRA GIORNI, LENINE MARTINS
FOTOGRAFIA: IVO LOPES ARAÚJO
DIREÇÃO DE ARTE: THAÍS DE CAMPOS
FIGURINO: MARINA SANDIM
SOM DIRETO: GUSTAVO FIORAVANTE
DESENHO E MIXAGEM DE SOM: PABLO LAMAR
TRILHA SONORA ORIGINAL: AJÍTENÀ MARCO SCARASSATI, DJALMA CORRÊA
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: LUNA GOMIDES
DIREÇÃO ASSISTENTE: PAULA SANTOS
MONTAGEM: LUIZ PRETTI
COLORISTA: LUCAS CAMPOLINA