cinema sob uma perspectiva contra-hegemônica

CLUBE DOS CINCO: Bob Tiago Silva

O convidado da vez é o sagaz Bob Tiago Silva.

  1. Um filme que marcou sua infância: Edward Mãos de Tesoura (Tim Burton), esse filme mistura o bizarro com delicadeza, lembro de ficar com medo e fascinado pelo Edward principalmente quando ele tá no castelo dele. Foi sem dúvidas o filme que mais me marcou (talvez o contraste arquetípico entre o “monstro” e o artista sensível tenha me impressionado mais).
  2. O último filme que você assistiu: K-PAX – O caminho da Luz (Iain Softley), super recomendo, inclusive; tem uma premissa interessante, atuação absurda do Kevin Spacey, um final incógnito que abre múltiplas interpretações, curti muito!
  3. Um filme que merece ser descoberto: Muito Além do Jardim (Hal Ashby), esse me surpreendeu totalmente, pela sinopse eu pensei que era comédia (e sim tem vários momentos cômicos de arrancar gargalhadas) trazido de forma até sutil no início, mas logo fica nítida a crítica sarcástica diante da sociedade e a política norte-americana, o protagonista é pueril e “genial” ao mesmo tempo, isso intriga e nos transporta para uma empatia máxima quase que querendo salvar o “Mr Jardim”, por fim ainda tem um desfecho literalmente mágico, em que a gnt reflete tbm sobre a pureza diante da vida selvagem.
  4. O melhor filme que você assistiu no cinema: Homem-Aranha Através do Aranhaverso (Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson), maior espetáculo que já vi, tudo nesse filme é fodaralhamente envolvente, nos faz imergir totalmente na trama. O Miles Morales é sem sombra de dúvidas o melhor homem-aranha!
  5. Indique um filme brasileiro: Febre do Rato (Cláudio Assis), o que dizer dessa obra né!? Me espanta ela ser pouco falada/indicada, esse filme é o suprassumo do cinema, Cláudio Assis traz a fundo o melhor do que se pode produzir num filme, rompe com padrões estéticos atuais, traz personagens extremamente viscerais, a trama é convulsa tendo como pano de fundo as tensões/injustiça sociais das periferias de Recife, isso com uma narrativa embebida de poesia frenética, transgressora, pervertida e intencionalmente catártica! A atuação do Irandhir Santos é digna de melhor ator, no mínimo, em Cannes. Enfim, esse filme também possui uma das maiores frases do cinema brasileiro: “Eu sou a porra de um romântico anacrônico, um aleijado do coração”.

Bob Tiago Silva é artista plástico, produtor cultural e massoterapeuta.