cinema sob uma perspectiva contra-hegemônica

O terror diabolicamente perturbador de Longlegs

Longlegs – Vínculo Mortal, filme de terror que estreia no próximo dia 28, já vem contando com um certo boca a boca, um certo hype, principalmente entre os fãs de filmes do gênero. A expectativa em cima do longa que já estreou na maioria dos mercados internacionais, se baseia, além de críticas positivas vindas da imprensa estrangeira, também na interpretação e caracterização do assassino – que dá nome ao filme, interpretado por Nicolas Cage. Ator que, por si só, já leva curiosidade e expectativa do público para com seus filmes. Entretanto, a pergunta que surge diante de filmes com hype como o de Longlegs é “vale todo esse burburinho?”. Até porque já vi muito filme não justificar todo esse boca a boca.

Esse não é o caso de Longlegs, escrito e dirigido pelo estadunidense Oz Perkins – filho de Antony Perkins, o eterno Norman Bates de Psicose. A trama do longa acompanha a agente do FBI Lee Harker (Maika Monroe) com quem, logo no início, percebemos que há algo de estranho. Ela é escalada para trabalhar no caso de um assassino que deixa cartas, com símbolos, assinadas com o nome de Longlegs. A partir daí, vemos uma corrida de Lee e do veterano agente Carter (Blair Underwood) contra o tempo para pegar o serial killer.

Perkins mostra que sua ligação íntima com o gênero vai para além do parentesco com ator do clássico filme de Hitchcock. A sensação de que há algo obscuro relacionado à agente Lee se mostra também pela iluminação e pelas cores que envolvem boa parte das cenas em que a personagem aparece. Ela está, geralmente, em meio à pouca luz e  com cores mais escuras. Como na mise en scene criada para o ambiente da casa dela ou outras cenas em que ela está investigando o caso, é comum vê-la em meio às sombras. Como se algo obscuro a acompanhasse. E à medida que percebemos que há uma ligação entre ela e o assassino, essa sensação cresce.

E, claro, precisamos falar sobre Cage. Nicolas Cage é conhecido, não só pela sua versatilidade como ator, mas também por momentos memoráveis como personagens insanos – quem não se lembra dos olhos esbugalhados em Vício Frenético ou a sua loucura total em Mandy? E quando se trata de um personagem com tantos trejeitos, não é difícil errar a mão e parecer caricato demais, o que não acontece com a interpretação do veterano ator. Cage entrega uma atuação impecável. Não só pela caracterização do personagem – que também chama a atenção –, mas também pela própria representação do ator. Sua expressão corporal e sua impostação de voz, aliadas ao trabalho com o cabelo e maquiagem, fazem a composição daquele que pode ser o personagem mais marcante do ano no gênero de horror. Todo elenco entrega boas atuações, mas a do sobrinho de Francis Ford Coppola, com certeza, é um dos aspectos diferenciais do filme.

É importante ressaltar também a boa construção da história. Oz Perkins, que, além de dirigir, também assina o roteiro, trabalha muito bem esse clima de caça ao rato. Tão bem que não é exagero dizer que o filme lembra Seven – Os Sete Crimes Capitais, a cultuada obra dirigida por David Fincher. Uma dupla de policiais, um serial killer sombrio e inquietante, um clima de tensão desconcertante e um terceiro ato surpreendente e perturbador, tudo isso permite essa comparação, que só enaltece a obra de Perkins.

Longlegs – Vínculo Mortal justifica o hype em torno dele entregando um dos melhores filmes de terror do ano, com um dos personagens mais impactantes ndo gênero. Oz Perkins faz jus ao nome, entregando aos fãs do cinema de horror um prato cheio para se deliciarem e se esbaldarem com uma trama tensa, perturbadora e com um Nicolas Cage diabolicamente inspirado.

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